domingo, 27 de janeiro de 2008


"Agora faltavam apenas quatro dias para chegar de novo à mesma cidade. Estava excitado e ao mesmo tempo inseguro: talvez a menina já o tivesse esquecido. Por ali passavam muitos pastores para vender lã.
- Não tem importância - disse o rapaz para as suas ovelhas. - Eu também conheço outras meninas noutras cidades.
Mas no fundo do coração, ele sabia que tinha importância. E que tanto os pastores, como os marinheiros, como os caixeiros viajantes, sempre conheciam uma cidade onde havia alguém capaz de fazer com que esquecessem a alegria de viajar livremente pelo mundo."

(Pág. 27)


" - Tudo o que está sob e sobre a face da Terra transforma-se, porque a Terra está viva; e tem uma alma. Somos parte dessa Alma, e raramente sabemos que ela trabalha sempre a nosso favor."

(Pág. 113)

"E que o teu tesouro precisa de ser encontrado, para que tudo isso que descobriste no caminho possa fazer sentido."

(Pág. 175)

"Os sábios entenderam que este mundo natural é apenas uma imagem e uma cópia do Paraíso. A simples existência deste mundo é a garantia de que existe um mundo mais perfeito que ele. Deus criou-o para que, através das coisas visíveis, os homens pudessem compreender os seus ensinamentos espirituais, e as maravilhas da sua sabedoria."

(Pág. 188)

"(...) poucos seguem o caminho que lhes está traçado, e que é o caminho da Lenda Pessoal e da felicidade. A maioria acha o mundo uma coisa ameaçadora -e por causa disso o mundo torna-se uma coisa ameaçadora. Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca. E torcemos para que as nossas palavras não sejam ouvidas: não queremos que os homens sofram, porque não seguiram os seus corações."

(Pág. 193)

"O que faço agora? - perguntou o rapaz.
- Segue em direcção às Pirâmides - disse o Alquimista. - E continua a ler os sinais. O teu coração já é capaz de te mostrar o tesouro."

(Pág. 194)


"O guarda que revistou o Alquimista encontrou um pequeno frasco de cristal cheio de líquido, e um ovo de vidro amarelado, pouco maior que um ovo de galinha.- O que são estas coisas? - perguntou o guarda.- É a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida. É a grande obra dos Alquimistas. Quem beber este elixir jamais ficará doente, e uma lasca desta pedra transforma qualquer metal em ouro.Os guardas riram a valer, e o Alquimista riu com eles. Tinham achado a resposta muito engraçada, e deixaram-nos partir sem maiores contratempos, com todos os seus pertences.- O senhor está louco? - perguntou o rapaz ao Alquimista, quando já se tinham distanciado bastante. - Para que fez isto?- Para te mostrar uma simples lei do mundo - respondeu o Alquimista. - Quando temos os grandes tesouros diante de nós, nunca nos apercebemos. E sabes porquê? Porque os homens não acreditam em tesouros."

(Pág. 198)

"Continuaram a andar pelo deserto. A cada dia que passava, o coração do rapaz ia ficando mais silencioso. Já não queria saber das coisas passadas ou das coisas futuras; contentava-se em contemplar também o deserto, e em brindar com o rapaz à Alma do Mundo. Ele e o seu coração tornaram-se grandes amigos - um passou a ser incapaz de trair o outro.
Quando o coração falava, era para dar estímulo e força ao rapaz, que às vezes achava terrivelmente maçadores os dias de silêncio. O coração contou-lhe pela primeira vez as suas grandes qualidades: a sua coragem para abandonar as ovelhas e viver a sua Lenda Pessoal; e o seu entusiasmo na loja de cristais."

(Pág. 198)

"Caminharam o dia inteiro. Ao anoitecer, pararam em frente a um mosteiro copta. O Alquimista dispensou a escolta, e apeou-se do cavalo.- Daqui para a frente vais sozinho - disse o Alquimista. - São apenas três horas até às Pirâmides.- Obrigado - disse o rapaz. - O senhor ensinou-me a Linguagem do Mundo. - Eu apenas recordei o que já sabias."

(Pág. 220)

 

Eis o verdadeiro mestre: o que não ensina, mas apenas ajuda a recordar. Tanto é o que transportamos de umas vidas para outras, que o que vivemos agora é quase só produto de todas essas vivências interferindo umas com as outras e criando realidades que parecem novas, mas que na sua essência, pouco acrescentam ao que já se encontra no nosso... "espírito".

De "O Alquimista"...


... as passagens que fizeram algo agitar-se cá dentro...